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Brasileiro é mais difícil que a Libertadores, diz Tite

ALAN RASTRERO | 5/30/2012 06:49:00 PM |

Arrancar de Tite, 51, alguma previsão sobre a partida contra o Santos, pelas semifinais da Libertadores é quase impossível. "Por enquanto só penso no Figueirense e no Grêmio, mas não vou ser pego de surpresa [contra o Santos], não", disse à Folha ontem, no CT do clube. Em meia hora de conversa o treinador também falou de Cássio, do temperamento de Jorge Henrique, o perigo de Neymar pelo lado direito e a conturbada saída de Adriano. "Pedia pra fazer, ele fazia tudo. Trabalhar com ele é muito fácil. O problema foi outro", afirmou.

Julia Chequer - 23.mai.12/Folhapress
Após ser expulso no jogo contra o Vasco, Tite fica na numerada, ao lado dos torcedores
Após ser expulso no jogo contra o Vasco, Tite fica na numerada, ao lado dos torcedores


Tite também falou sobre Luiz Felipe Scolari, explicou por que se irritou quando compararam seu Corinthians ao Chelsea, a mudança na presidência do clube e por que o Campeonato Brasileiro é, para ele, mais difícil que a Libertadores. A entrevista ocorreu por volta do meio-dia de ontem, horas antes de o clube anunciar oficialmente a contratação de um novo atacante, Romarinho, ex-Bragantino, e que pode ser inscrito na Libertadores no lugar de Edenilson, contundido --não foi dessa vez que um astro foi contratado, como sonha a torcida.

"O importante é que o jogador do Corinthians seja solidário, seja o Ronaldo, o Emerson, Liedson, Danilo, Alex, Willian e Jorge Henrique", disse.
*
Um erro pode ser fatal, como quase foi fatal o erro do Alessandro. O time está jogando no limite do erro?
O conjunto da obra acaba determinando. E no conjunto da obra está a individualidade, que é a essência, a qualidade técnica do atleta.


O lado do Alessandro é onde o Neymar gosta de jogar...
É o lado dele, do Chicão, do Paulinho. Não é de um jogador especificamente, mas de um conjunto de jogadores que trabalham naquela posição ou próximos àquela posição.


Tem falado com o Jorge Henrique para administrar o temperamento dele?
Corrigir, e não administrar. O aspecto disciplinar é fundamental. Lá, falei com ele, foi uma expulsão [contra o Emelec] que não era pra ser expulso. Mas independentemente disso, quando se está com cartão amarelo há uma instrução técnica: encurta a marcação e não precisa tentar tomar a bola do adversário, só bloqueia. É como basquete, não precisa ter contato físico.


Você prefere não dizer onde quer fazer o primeiro jogo, Muricy também tem sido reticente. Já é a primeira estratégia do clássico?
Para a imprensa, sim. Para mim, não.


Mas há fatores como o tamanho do campo, mais espaço de campo no Morumbi do que na Vila...
Vou começar a pensar nisso, coerentemente, depois do jogo contra o Grêmio, justamente pela importância que tem o Campeonato Brasileiro e por tudo que a gente falou, exemplos de times que saíram da Libertadores e foram para a zona de rebaixamento. Só não foi o Internacional em 2010 porque teve a Copa do Mundo, teve tempo. São exceções. O grosso da coisa, quando se está envolvido em duas competições... eu já tenho isso como uma lição. Mas eu não vou ser pego de surpresa. Esse desencadear é mais de vocês, de imprensa.


Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Tite durante entrevista no CT do Corinthians
Tite durante entrevista no CT do Corinthians

É inimaginável achar que você não está pensando no Santos agora...

Claro. Eu estou priorizando o Figueirense. Mas é lógico que penso. Seria um baita de um mentiroso, com todas as perguntas que vocês fazem aí. Nem que eu não quisesse!


Distribuir a pressão e a faixa de capitão a vários jogadores é uma tática?

Na bola parada eu cobro a precisão do Chicão. Mas claro que a tendência é cobrar mais os homens de frente. Eu trabalhei com o Ronaldo, que era esse astro, e não vi diferença maior, não. Vejo, sim, na personalidade dos atletas e do grupo. Se tu tem um cara que é egoísta demais...veja o Mirandinha, o nome Mirandinha virou adjetivo de um cara egoísta. Joguei com ele na Portuguesa, tava na linha de fundo e ele chutava a gol. Se tu tem um cara que é excessivamente egoísta é um problema, seja ele astro ou seja ele um jogador importante. O importante é ser solidário, independente de ter o Ronaldo Fenômeno ou ter Emerson, Liedson, Danilo, Alex, Willian e Jorge Henrique.


Falando em Cássio, ele fez algumas saídas de gol erradas e não segurou algumas bolas. Há um trabalho específico para ele.

Sim. Especificidade no trabalho. Ele não teve nenhuma culpa no gol do Danilinho [do Atlético-MG]. Nenhuma. Temos que olhar o outro lado. A assistência do Réver e a velocidade e o talento do Danilinho.


A saída do Adriano foi um alívio?

Trabalhar com o Adriano no campo era muito fácil. Muito fácil, muito tranquilo. Pedia pra fazer, ele fazia tudo. O problema do Adriano não era alí. Também não me pergunte onde era. Pra mim foi muito fácil trabalhar com ele.


Você participou da decisão de demiti-lo?

Sim, na avaliação de todos os trabalhos, claro, o lado técnico da situação. Sim. O Corinthians fez tudo que se pudesse imaginar do lado humano que pudesse contribuir, eu sou testemunha disso.


E justamente por isso ficou uma mágoa pelo que ele disse?

Não, absolutamente. Teria mágoa se não tivesse feito, aí sim. Mas como se fez... Mágoa a gente sente se deixa de fazer alguma coisa. O Corinthians tem que ficar muito tranquilo em relação a isso.

Teme que uma queda na Libertadores desmorone todo um planejamento?

Eu não penso assim, na condicional. Todo profissional, em qualquer área, tem que ter uma visão mais ampla da coisa. Depois que terminar se olha pra trás e faz a avaliação, mas o período é de construção.


Chama a atenção o modo como você se relaciona bem com todos...

Não sou amigo de todo mundo, tem alguns que sou inimigo. É que eu não faço questão de expor de forma pública. Mas tem muitas pessoas que não gosto, outros não recebo e não comprimento. Mas não preciso botar pra fora. Eu não preciso dizer de quem não gosto. Tenho inimigos. Mas não veiculo isso. Tem muitas pessoas que não gostam de mim. Eu não gosto de muitas delas. Muitas eu evito. Mas eu não divulgo, não precisa. Prefiro valorizar quem eu gosto, o lado bom da coisa.


Este é o título mais difícil da sua carreira?

Acho que mais difícil é o Brasileiro. Esse Brasileiro, na sua essência, não específico do ano passado. São muitos clássicos. É mais difícil que Libertadores. Libertadores tu passa uma fase de grupo e depois tu pega um número menor de jogos, mata-mata. Primeiro é um campeonato, depois vira copa. O campeonato mais difícil de ser vencido é o Campeonato Brasileiro. Requer grande trabalho do técnico, grande trabalho da comissão técnica, um grupo de atletas, senão tu não vence.


Mas o Corinthians sabe bem ganhar o Brasileiro, conquistou dois na era dos pontos corridos. Mas disputar Libertadores ainda não aprendeu.

Então estamos aprendendo junto agora. São desafios. É um aprendizado, é o terceiro ano consecutivo na Libertadores. E por isso começa a ser encarado de forma natural. São dez jogos, vencemos seis e empatamos quatro. Com toda a adrenalina, claro.



Moacyr Lopes Junior - 29.mai.12/Folhapress
O técnico Tite durante entrevista coletiva no CT do Corinthians
O técnico Tite durante entrevista coletiva no CT do Corinthians

Por que te irritou tanto a comparação com o Chelsea?
Porque um time que ficou três vezes enfiando a bunda dentro do gol, jogando no contra-ataque, neutralizando adversário, não se abrindo pra jogar, tendo 30% de posse de bola, não é aquilo que eu entendo por futebol. Contra o Atlético tivemos 62% de posse de bola. Contra o Vasco, 52% em São Januário. Uma coisa é circunstância, outra é ideia. Eu tenho um perfil de jogar, uma metodologia de trabalho. Vê se a gente fica fazendo ligação direta. Não estou dizendo que é melhor ou pior, apenas que meu jeito é um jeito. Circunstancialmente, sim. Mas não como uma ideia, não como pensar futebol.



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O que mudou com o Mário Gobbi na presidência?
Eu cheguei aqui com o presidente me convidando, encontrando o doutor Mário como diretor de futebol, e conhecendo o doutor Mário. E agora o doutor Mário, de presidente. É uma ideia de presidente que permanece, independente de nomes. Pra mim, até pelo contato que tive com os dois, é a mesma linha diretiva, pensam futebol, pensam a grandeza do Corinthians de uma forma parecida, uma característica especial pessoal de um e de outro, mas muito parecida.

Sua opinião sobre a saída de Ricardo Teixeira?
Não tenho opinião porque não tenho dados, informações, pra fazer uma análise. Eu faço sempre, formato um conceito se tenho conhecimento dele. E não tenho vergonha nenhuma em dizer que não preciso ter opinião pra tudo. Aliás, não gosto de pessoas que têm opinião pra tudo. Acho que desqualifica. Tem hora que ter que ficar quieto. Não sei das situações que envolvem, não preciso dar opinião. É ficar em cima do muro? Não, não, é deixar uma opinião muito clara: não preciso ter opinião pra tudo. Gosto de dar opinião de coisas que eu sei.

Quais as decisões mais difíceis que você tomou como técnico do Corinthians?
A primeira foi largar os Emirados Árabes a três meses de preparação para um campeonato mundial, em que tudo que você fizesse seria bom, as passagens das famílias prontas. E, de repente, não: 'vou pegar o Corinthians'. E tirar aquela expectativa toda profissional e até pessoal em termos familiares. Foi um momento em que não hesitei, mas o 'passar pra eles' foi difícil.

E vetar Chicão, Liedson, Júlio César?
Eu busco sempre muito dados, informações. Digo que o atleta constrói uma titularidade em cima de desempenho nos treinos, jogos. E eu sempre coloco que o respeito pessoal é uma coisa, outra coisa é a disputa, competição. Isso é a vida, cara. Não é porque escolho o Cássio agora que estou preterindo ou desmerecendo o Júlio, mas entendendo que ele está num melhor momento. Tem momentos da carreira que são assim. Mas não me lembro de uma situação mais difícil, um momento mais difícil.

E o momento mais difícil?
Dentro do Corinthians, a permanência após o jogo contra o Tolima. Aquele momento foi crucial, o momento mais difícil.

O assunto Scolari ficou desconfortável para você?
Não. O assunto escola de futebol, sim. Por que a minha escola é diferente.

Mas e a briga...
Passou, passou. Aquele talvez fosse o momento pois estava mais recente, mas passou. Mas são escolas diferentes. Ele é da escola do [técnico] Carlos Froner. E eu sou da escola do [técnico] seu Ênio [Andrade]. Um é da posse de bola e do trabalho curto. E a outra é da bola mais longa, da bola parada. Mas não confunda uma escola com a outra.

Observação: Essa entrevista foi feita pelo site da Folha de S. Paulo e não por esse site

fonte: Folha de S. Paulo

Notícia Complementar


Tite diz que Corinthians é diferente de todos os outros clubes


O técnico do Corinthians, Tite, vê o seu time cheio de astros, revela se cobrar muito e afirmou que o clube do Parque São Jorge é diferente de todos os outros.

As declarações foram dadas a Lucas Reis, em entrevista publicada nesta quarta-feira. A íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha.

"Grandes clubes, Grêmio, Inter, Atlético, Palmeiras, em todos eu senti grande parte da torcida fechar com a equipe em alguns momentos ou na grande maioria da partida. Mas o tempo inteiro apoiando eu só vi no Corinthians", afirmou.

fonte: Folha de S. Paulo

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