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Presidentes de Corinthians e Santos ficam frente a frente

ALAN RASTRERO | 6/18/2012 04:20:00 PM |


Pouco tempo antes do jogo que vai levar Corinthians ou Santos à final da Libertadores, presidentes dos dois clubes ficaram frente a frente, em encontro promovido pela TV Folha.

Entre as diversas troca de elogios que um fazia ao outro, o corintiano Mário Gobbi e o santista Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro falaram sobre o primeiro jogo, arbitragem, doação de ingressos a organizadas e de uma suposta ajuda da CBF para o time de seu diretor de seleções.

Folha - Acham que a CBF, ao não convocar jogadores corintianos e ter chamado o Neymar para os últimos amistosos, favoreceu o Corinthians para a semifinal?
Luis Alvaro - Os clubes são a grande força motriz do futebol brasileiro. Nós que damos assistência psicológica, física. Nós somos quem remuneramos este atleta, investimos na carreira e damos todas as condições. A CBF não é um ente abstrato. Não tem participação na criação de um talento. E os clubes precisam ser ouvidos. O caso do Neymar é emblemático. É um garoto que desequilibra. Mas quando você submete a uma carga de exigências psicológicas, os reflexos são inevitáveis. Eu ainda tive o trabalho de solicitar que ele fosse dispensado porque o Santos estava saindo de uma competição aguda [Paulista] e estava no meio da Libertadores. E eram quatro amistosos que a seleção fazia e não tinha nenhuma importância especial.

Folha - O Andres Sanchez disse que era só pedir a desconvocação
LAOR - Então ele foi injusto. Liguei para ele e pedi para ele falar com o Mano. Eram quatro amistosos que não tinham importância especial. Mas não acho que houve favorecimento.
Mário Gobbi - O Corinthians é quase nada favorecido. Acho que o Santos paga um ônus de ter um time com grandes craques.
LAOR - E não são os contratos de publicidade que atrapalham, isso não o exaure. Posar para um anúncio de pasta de dente não esgota ninguém psicologicamente. Mas enfrentar o Messi, depois de ter enfrentado ele no Japão, enfrentar uma marcação pesada como a do México, isso, de fato, mexe com a cabeça do menino.
Eu sou um admirador do futebol do Corinthians. A vitória do Corinthians foi cristalina. O Emerson fez uma operação cirúrgica.
MG - O Corinthians não é quase nada favorecido. Eu não sei os critérios da comissão técnica da CBF para convocar. Eu acho que o Santos paga um ônus de ter um time com grandes craques e os melhores são chamados para a seleção. Fora isso, os jogadores têm uma carga de disputa que vem desde o final do ano passado. Quando se convoca um jogador do Corinthians, eu também torço meu nariz porque a gente quer o jogador aqui.

Folha - Concordam em a Conmebol escalar árbitros brasileiros?
MG - O Luis Alvaro me telefonou para saber o que eu pensava de colocarmos árbitros brasileiros, que na visão dele seria muito bom e seria uma forma de prestigiar a arbitragem nossa. E eu disse a ele que concordava plenamente. E, de comum acordo, enviamos um documento pedindo que fossem escalados árbitros brasileiros para as partidas nossas. Espero que quarta-feira aqui a arbitragem passe desapercebida.
LAOR - Fui até no vestiário cumprimentar o juiz após o jogo.

Folha - Luis Alvaro, o senhor conversou com o Muricy para saber o que vem acontecendo com o time, que não joga bem há algumas partidas?
LAOR - Acho que o sapateiro não deve ir além de suas botas. Foi-se o tempo em que o presidente dava palpite na escalação.

Folha - No São Paulo isso aconteceu recentemente...
LAOR - O São Paulo é problema do Juvenal. Não conversei com o Muricy. Mas algumas coisas chegam aos meus ouvidos. E o elenco conversou com o treinador que o Neymar estava em uma situação deplorável do ponto de vista de condições de jogo. Isso eu já tinha ouvido de outro treinador quando o Santos cedeu quatro jogadores que ganharam o título sul-americano sub-19. Os quatro voltaram em condições deploráveis: peso abaixo, massa muscular e um condicionamento físico diferente. Explica-se: os objetivos da seleção são uma corrida de curta distância, é uma prova de 100 metros, e o clube disputa uma maratona. Isso traz prejuízos técnicos. Acho que o Neymar vai ser muito importante na Olimpíada, na Copa das Confederações e em 2014.

Folha - É uma prática entre dirigentes dar ingressos a torcidas organizadas para ganhar a simpatia delas. Vocês têm dado entradas para as torcidas organizadas. O Corinthians, com o Andres Sanchez, chegou a dar parte da bilheteria de um jogo contra o Guarani para a Gaviões?
MG - Toda escola de samba que homenageou o centenário do clube, ganhou uma porcentagem da bilheteria. E quando o time perde, a paixão fala muito forte.
LAOR - Eu, desde o começo, assumi que as organizadas são insumo do espetáculo. Da mesma maneira como eu pago o orientador, pago o gandula, elenco... Eu faço questão de estimular a presença de quem é absurdamente apaixonado pelas cores do clube e faz todos os sacrifícios para estar presente no estádio. É importante para os jogadores que tenha gente torcendo por eles.
Então eu sentei com as lideranças das organizadas e fiz um pacto. Não boto dinheiro na mão das organizadas em hipótese alguma. Mas eu disponibilizo uma determinada carga de ingressos. Em troca, respeito ao adversário. Não posso admitir o que aconteceu em 2008, quando as organizadas atocaiaram os torcedores do Corinthians. Disse que isso era intolerável.
MG - Tenho falado insistentemente nisso. A paz das torcidas, a paz dos estádios. Quando criticarmos, falarmos, precisamos medir muito bem as palavras. Querer ganhar, todos queremos ganhar. Mas o futebol é um jogo e num jogo só um ganha. O fato de não ganhar não significa que sua vida acabou e o trabalho que esta sendo feito é ruim. Fiquei 23 anos sem ganhar um título. Esta não é a última Libertadores da face da terra.

Folha - Não acha que o torcedor ao arremessar o capacete de um policial no último jogo quebrou esse pacto?
LAOR - Não. Não posso punir a coletividade. O que interessa é que a integridade da torcida do Corinthians foi preservada. Lá, três policiais foram apartar uma briga da torcida e correram um risco muito grande porque a multidão é incontrolável. E no meio daquele tumulto alguém tirou o capacete do policial como se fosse um troféu. Ele ficou com medo e o que ele fez? Disse 'Vou entrar para a história e vou jogar para o gramado'. Não foi agressão ao goleiro, que teve um comportamento exemplar.

Folha - Quantos ingressos?
LAOR - Dou cerca 500, 600, no máximo. Só dou no mando do Santos. E, eventualmente, quando o Santos manda no Pacaembu, eu forneço dois ou três ônibus para eles virem para cá.

Folha - O Tite pode ser demitido caso seja derrotado?
MG - Você está de brincadeira? Vou demitir o Tite? Vamos pegar os dois anos do Tite no Corinthians, ele pegou o time numa descendente com o Adilson, levou para a Libertadores, foi campeão brasileiro, está na Libertadores invicto. Pode perder a Libertadores e o Brasileiro que eu não mando embora o Tite. Eu sei o comando que ele tem, a competência tática, técnica, a liderança que ele tem. O Corinthians não quer mais mandar técnico embora. Essa prática não dá mais.
LAOR - O Pelé tem uma teoria sobre isso: "não se muda técnico como se muda de roupa". E acho que o Mário tem razão, não se muda elenco diante de um eventual fracasso. O Santos tem basicamente a mesma estrutura de quando a gente começou. Manter a estrutura é condição básica para o sucesso. E os times que não fizeram isso e diante de uma derrota trocam de baciada metade do elenco, até que eles se entrosem, o tempo passou.

Folha - O Corinthians foi campeão brasileiro 2011, esteve na Libertadores 2011 e foi finalista do Paulista 2011. O Santos foi campeão paulista de 2011 e 12, campeão da Libertadores 2011. Acham que os dois clubes estão dominando o cenário paulista de futebol e o Palmeiras e o São Paulo estão em queda?
LAOR - Ambos tem direção séria, torcida apaixonada. O Corinthians sustenta contratações mais audaciosas. Por outro lado, a gente olha muito nossas equipes de base.
MG - Eu li o livro do Ferran [Soriano] 'A bola não entra por acaso'. Lá dizia da manutenção do trabalho, do grupo. Quando for mudar, muda por setor. Se você pegar o Corinthians dos últimos quatro anos, mudou muito pouco. Aqui, se perdeu, todo mundo manda embora, limpa tudo. Se nos tivéssemos ido atrás dos pedidos de demissão do Tite no Tolima, olha a joia que nos tínhamos perdido.

Folha - Quais são seus palpites para o jogo de quarta?
MG - Só quero que o Corinthians não erre quase nada.
LAOR - Meu pai me ensinou uma vez uma sábia lição. Se o Mário quiser apostar comigo agora quem ganha o jogo, eu faço questão de apostar no Corinthians. Por uma razão simples: se o Corinthians ganhar, o Santos perdeu e eu vou ficar chateado porque meu time perdeu, mas vou ficar aliviado porque ganhei uma grana do Mário. Se eu fizer o contrário, o ganhar já é suficiente. Então, ele dizia que sempre deveria apostar no adversário. Mas eu sou uma tragédia com palpites. A última vez que eu palpitei foi contra o Naviraiense. O Santos tinha ganhado de 1 a 0. E uma rádio de Naviraí me perguntou quanto seria o jogo na Vila. Eu disse que seria 1 a 0. E foi 10 a 0.

Minha Opinião: O Luis Alvaro chorou muito por causa do Jogo de Ida, podem ver no Blog Corinthianos 10 através do link >>> http://bit.ly/M7qEy7 <<< tudo sobre a Rivalidade dos bastidores.

A Realação entre Luis Alvaro e Mario Gobbi não significa crise em duas diretorias, mas o grande problema está no Santos devido a Midia e o CORINTHIANS como um time qualquer mas que tem um grupo mega unido que fez a diferença.

fonte: Folha de S. Paulo

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