Featured Post 7

As duas faces da paixão: dois torcedores se preparam para acompanhar o Timão no Japão

CORINTHIANS FIEL NEWS | 11/29/2012 03:52:00 PM | 0 comentários

Um é empresário e vive em um condomínio de luxo. O outro é pasteleiro da periferia. Com realidades tão distintas, Michel e Pila estão unidos por uma obsessão: o Corinthians. E cada um à sua maneira, estarão no Japão torcendo pelo segundo título mundial do Timão



Fotos: Alexandre Battibugli



Por Pedro Henrique Araújo, da PLACAR


Jorge Paulo de Almeida Oliveira, o Pila, mora na divisa do Jardim Ângela com o Capão Redondo, no extremo sul de São Paulo. Sobrevive de uma barraca de pastel na região e tira lucro suficiente para “dar de comer” aos cinco filhos e ao cachorro Tevez, um sharpei “misturado”. Michel Abranches é dono de uma empresa de informática, tem um casal de crianças e reside numa confortável casa no bairro de classe média-alta Alphaville, em Barueri, Grande São Paulo.


Eles não se conhecem. Cerca de 40 quilômetros separam seus lares. Suas realidades parecem estar ainda mais longe uma da outra. Menos em um aspecto: o Corinthians, sua paixão compartilhada. Eles frequentam religiosamente o mesmo Pacaembu, campo do Timão até o fim das obras do novo estádio em Itaquera. Entretanto, assistem aos jogos em setores diferentes. Michel, nas numeradas. Pila, no meio da Gaviões da Fiel, sempre na arquibancada amarela.


Em dezembro, talvez se encontrem do outro lado do mundo. Os dois farão parte do grupo de corintianos que invadirão o Japão no mês de dezembro para ver o Mundial. “Será a festa mais bonita que os japoneses verão. Eles nunca viram uma torcida tão apaixonada quanto a nossa”, diz Michel, que já tirou o visto, comprou as passagens, reservou os hotéis, tíquetes de trem para os traslados e até presentes para os japoneses. Pila ainda não se preocupou muito com esses “pormenores”. “O mais difícil, que foi a passagem, está garantido”, conta.


A diretoria alvinegra tem uma expectativa de levar 10000 corintianos ao Japão, e a venda de pacotes está batendo a casa dos 2000. Os mais otimistas acreditam que esse número passará de 20000, contando aqueles que farão pacotes particulares e os torcedores que moram na Ásia. “Temos a expectativa de que corintianos de todas as classes sociais viajem”, diz o diretor de marketing do clube, Ivan Marques. Vire a página e conheça dois deles.


PILA E OS 40 MIOJOS



Foto: Alexandre Battibugli


Gavião do capão: Pila no quarto onde dorme com a mulher, Flaviane, parceira na viagem ao Japão: bandeirão, edredon, tapete e outros badulaques para inspirar sonhos e peripécias conjugais



Pasteleiro vende moto mas garante só a Passagem. E dá-lhe macarrão na mala!


O nome “Palmeiras” escrito num tom verde-claro na entrada da casa de Jorge Paulo de Almeida Oliveira é uma afronta. Aos 36 anos, 21 deles como integrante da torcida Gaviões da Fiel, Pila, como é conhecido, não usa verde, não deixa de ir ao estádio e não consegue viver sem o Corinthians. A brincadeira feita pelo cunhado pareceu não fazer efeito, porque basta descer os degraus de tamanhos variados e passar pelo estreito corredor para saber que naquela casa de dois quartos, sala, cozinha e banheiro mora um corintiano fanático. Na divisa entre o Jardim Ângela e o Capão Redondo, extremo sul de São Paulo, Pila esconde seu arsenal alvinegro: mais de 60 camisas, fotos, quadros, gaviões de metal, almofada, lençol, aparador de fogão, caneca e uma bandeira de mais de 5 metros. “Eu trabalho para dar o sustento aos meus filhos e para ir aos jogos. Eu não sei viver de outra maneira”, diz o comerciante, que tem uma barraca de pastel no centro do Capão Redondo.


Pila já viajou para vários países para acompanhar o Corinthians. Em uma dessas aventuras, em fevereiro deste ano, conta que levou dez dias para chegar a San Cristóbal, na Venezuela, de ônibus e trem. Era a estreia na Libertadores, e ele estaria presente no estádio em todas as 14 partidas do time no torneio. O pasteleiro diz que já foi de moto ver jogos no Nordeste e colocou em um Fiesta a esposa e os cinco filhos, cada um de uma mulher diferente, e seguiu para o Recife só por causa de um jogo.


Para viabilizar a viagem dele e da atual mulher, Flaviane, ao Japão, Pila vendeu uma moto CB 500 ano 2001. O dinheiro do negócio deu para garantir a passagem, que conseguiu numa promoção por 3700 reais cada uma. A “regalia” que ele se permitiu foi uma escala na Inglaterra para poder conhecer o Corinthian-Casuals, time que inspirou a criação do Sport Club Corinthians Paulista. “Meu sonho é conhecer Londres para ver as origens do Timão.” Mas não é só de passagem que vive uma viagem. E hotel? Ingressos? Visto? Ele ainda não viu nada, mas conta que levará 2000 reais para gastar por lá. Pila pretende ainda colocar na mala 40 pacotes de macarrão instantâneo para economizar na alimentação e vai carregar uma barraca para acampar em Nagoya e Tóquio.


Ouvindo a conversa do pai com a PLACAR, o filho mais novo pergunta. “Pai, eu vou ao Japão?” Pila despista, fala que não sabe, mas não vê a menor chance de levar o pequeno. Aos 9 anos, o garoto já coleciona mais de 50 jogos no currículo e uma final de Libertadores da América, na Bombonera. Mas desta vez assistirá ao Corinthians pela televisão.



BUNKER ALVINEGRO



Foto: Alexandre Battibugli


Esquema vip: Michel em seu “santuário” alvinegro, presente da esposa, arquiteta: classe executiva, hotel reservado, traslados, ingressos na mão e até lembrancinhas para os japoneses



Assim que o Timão conquistou a Libertadores, Michel deciciu que iria ao Japão. Em alto estilo.


Sofia pede insistentemente para ir ao Japão ver seu time do coração. O pai, o empresário Michel Abranches, de 35 anos, tentou de tudo, mas não conseguiu convencer a mulher de que sua companheira de jogos no Pacaembu deveria acompanhá-lo nessa jornada. “A Sofia já foi a mais de 100 jogos e tem apenas 7 anos de idade”, conta, orgulhoso. Ele tinha uma última carta na manga: uma reserva de passagem para a menina. Mas não teve jeito: a esposa não deixou e ele vai sozinho.


Michel conta que sua decisão de viajar ao Japão se deu meia hora depois de o time levantar o caneco da Libertadores. Tratou de garantir a passagem em classe executiva, com escala em Detroit, por 12 000 reais. Os ingressos para os dois jogos custaram cerca de 400 reais. Gastou mais 500 com as viagens de trem e 1 400 reais com hotéis em Nagoya e Tóquio. Planeja mais 2 000 reais de gastos com comida e passeios. Além disso, inventou uma “ação” para agradar os anfitriões. Com amigos, vai bancar 10 000 bandeirinhas, metade Japão, metade Corinthians, com a frase “Obrigado por sua recepção” escrita em japonês.


Michel comprou dois quimonos, um para usar na semi e outro para a tão esperada final, mas pretende testar a sorte deles no Pacaembu antes de colocá-los na mala. “Vou dar uma andada com eles aqui para ver se vale a pena levar”, diz. Mas já reservou outros amuletos: duas camisas, uma autografada por Ronaldo Fenômeno e outra por Basílio, além de um tênis e um terço que foram abençoados. Tudo para apoiar o Timão.


Michel nasceu dia 19 de outubro de 1977, seis dias depois do fim do jejum corintiano de 23 anos sem título. Dono de uma empresa de tecnologia, se dá o direito a algumas regalias, como ingressos para ele e a filha em todos os jogos no Pacaembu e uma espécie de santuário de torcedor em casa, dado de presente pela esposa, arquiteta. Ali ele guarda fotos, camisas e autógrafos dos grandes ídolos. Michel lembra com saudade dos tempos em que ia ao estádio levado pela mãe. “Nosso momento de mãe e filho era no Pacaembu antes de começar o jogo. Hoje cumpro o mesmo ritual com minha filha”, afirma.







via Placar - Notícias, blogs e análises sobre futebol e o mundo do esporte » Corinthians http://placar.abril.com.br/mundial-de-clubes/corinthians/materias/as-duas-faces-da-paixao-dois-torcedores-se-preparam-para-acompanhar-o-corinthians-no-japao.html

Category: , , , ,

0 comentários

AddThis