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No Qatar, Alex sente saudade e torce pelo Corinthians: ‘Queria estar junto’

CORINTHIANS FIEL NEWS | 12/11/2012 07:10:00 PM |

No Qatar, Alex sente saudade e torce pelo Corinthians: ‘Queria estar junto’

Festa da torcida no embarque ao Japão impressiona o meia, que adianta o almoço e prepara a pipoca para assistir ao time no Mundial, pela televisão


Alex qatar (Foto: Arquivo pessoal)Alex deixou o Corinthians logo após o título da Libertadores, em julho, mas a distância e o luxo da vida no Qatar não apagaram da memória o carinho pela Fiel. Hoje no Al Gharafa, o meia assistiu às imagens da festa da torcida no embarque alvinegro para o Japão, e a saudade apertou. Sua vontade era estar lá, para defender as cores do Timão no Mundial de Clubes. O que não o impede, no entanto, de torcer de casa pelo time que ele considera tão favorito quanto o Chelsea.

Arrependimento é uma palavra forte. Ainda em meio à empolgação do título sul-americano, o camisa 12 corintiano recebeu uma boa proposta do futebol árabe e, aos 30 anos, pesou o fator financeiro e o desafio de jogar em um país tão diferente do Brasil. Ele só não esperava que fosse tão diferente, tão complicado... Lá, virou camisa 10 e, ao lado do atacante Diego Tardelli, tem a responsabilidade de decidir. Com a pipoca comprada para assistir à estreia corintiana contra o Al Ahly, do Egito, nesta quarta, Alex terá de antecipar o almoço no Qatar.

– Dá aquela vontade de participar de tudo isso. Quando vi (as imagens do embarque), queria estar junto... Quando saí era diferente, era festa, título da Libertadores. Hoje dá saudade – disse Alex.

O tempo no Corinthians, apesar de curto, foi intenso, com títulos importantes. A paixão que sente pelo Timão ele compara à que mantém pelo Internacional, onde foi campeão do mundo e chegou à seleção brasileira - e ao Guarani, que lhe abriu as portas no início da carreira.
O orgulho da conquista na Libertadores pelo Corinthians, entretanto, não se estende ao Mundial caso o clube brasileiro confirme também o título da competição no dia 16 de dezembro.

– Sinceramente, me sinto parte até chegar aí. Nessa parte não me incluo. Se acontecer, vou ficar feliz, mas não vou falar que fui campeão mundial com o Corinthians – disse o jogadordo Qatar, em entrevista por telefone ao GLOBOESPORTE.COM.

Confira a íntegra da entrevista com Alex:

GLOBOESPORTE.COM: Como você pretende assistir aos jogos do Qatar? Já está preparado para torcer?
Alex: Eu espero conseguir ver pela televisão, que é mil vezes melhor do que pela internet. Torço para que eles transmitam aqui, já está tudo preparado. A pipoca está comprada (risos). A camisa do Corinthians eu não trouxe para cá, mas o que vale é o coração e o pensamento. Como o jogo é 8h30 da manhã no Brasil, para mim vai ser de tarde. Estou sossegado, vou colocar a mesa da sala em frente à TV para almoçar vendo o Corinthians. Mas acho que vou almoçar antes, tem a ansiedade e tudo, para não perder a fome e atrapalhar o almoço.

Conseguiu conversar com algum jogador do Corinthians nesses últimos dias? Eles passaram por Dubai antes de chegar ao Japão...
Tive contato antes da viagem, com o Fábio Santos e com o Paulinho. Agora não consegui falar com eles. Estavam com uma expectativa boa. O Fábio já foi com o São Paulo, conhece bem a viagem, já jogou e estava tranquilo. Só vivendo a ansiedade gostosa do torneio, que é importante e muito rápido. É no fim da temporada no Brasil, você fica louco para chegar. Tem aquele sabor de dever cumprido do ano, de saber que vai disputar mais dois jogos. Só espera o momento de colocar em prática tudo que trabalhou na temporada.

Alex Boca Corinthians (Foto: Marcos Ribolli/GLOBOESPORTE.COM)Neste ano, ao contrário dos últimos anos, não se vê uma superioridade do Chelsea em relação ao Corinthians. Todos falam em equilíbrio. Você concorda?
Concordo. Colocamos o futebol europeu como mais forte, e não acho que seja assim. Isso foi provado por vários times brasileiros. Futebol é jogado. Não temos o dinheiro e a fama desses clubes, mas hoje vejo o Mundial mais igual do que foram os anteriores, principalmente quando o Barcelona jogou nesses últimos anos. O Barcelona foi forte o tempo todo. No mais, não vejo diferença por ser da Europa. Há um equilíbrio, a possibilidade de vencer é grande.

Mas dá para dizer que o Corinthians é favorito?
Não favorito. Falamos em igualdade, mas é sempre um jogo perigoso, principalmente o primeiro. É estreia, precisa passar por isso, não pode errar. Vão encontrar um clima frio, um campo escorregadio. Com o Inter, em 2006, sofremos para nos adaptar. Tem de tomar cuidado, a bola é mais veloz. Ainda tem de controlar a parte emocional, o nervosismo.

Você viu as imagens da festa da torcida no aeroporto antes da viagem? Arrependeu-se de ter saído?
Dá aquela vontade de participar de tudo isso. Agora eu poso dizer que bate mais (arrependimento)... Mas foi tomada uma decisão consciente, ninguém me obrigou. Quando saí era diferente, era festa, título da Libertadores. Hoje dá saudade. É o tipo de jogo gostoso, de sacramentar com o título um time fantástico, comprometido, de disciplina, parceria. Dá muita vontade de estar lá vivendo esse ambiente que sei como é, é muito legal. Ao mesmo tempo me sinto feliz por ter participado do que aconteceu para estar lá. É bacana, é especial. Quando vi, deu vontade de estar junto. É algo que vi à distância, mas vivi como eles. A família reclama da distância, mas o Japão é um momento único, é a única viagem que não tem problema nenhum em casa com a esposa. Tem de aproveitar tudo, cada minuto lá. Vai ser guardado para sempre, tomara que como algo muito positivo.

Você se sentiria campeão caso o Corinthians confirme o título?
Sinceramente, me sinto parte até chegar aí. Nessa parte não me incluo. Não me sentiria. Só ficaria feliz por eles, mas não me sentiria como parte desse Mundial. A não ser da caminhada. Se não jogar, não viver o dia a dia, não dá para se sentir campeão. Se acontecer, vou ficar feliz, mas não vou falar que fui campeão mundial com o Corinthians. Isso, não poderia dizer. A história que escrevi no Corinthians, apesar de curta, já é bem bonita.

Em 2006, você esteve no Japão e foi campeão com o Inter, contra o Barcelona na final (vitória por 1 a 0). É uma competição diferente? O que você lembra do Mundial?
Vejo que o Corinthians está no mesmo hotel, no mesmo campo. O Al Ahly é o mesmo time que pegamos. São coincidências. Também falavam do Aboutrika (atacante), só que seis anos mais novo. Foi o primeiro lugar longe que viajei do Brasil, para viver uma cultura diferente. O Japão era frio, mas muito organizado. O respeito, a maneira de se trabalhar... É tudo muito louco, a dificuldade de adaptação ao fuso horário nos primeiros dias. Não tínhamos sentido na pele, só ouvíamos falar. Fora a situação de disputar o Mundial, milhões de pessoas torcendo para o Corinthians. Quando joguei lá, tinha o Barcelona fantástico do Ronaldinho, Deco, Iniesta começando a carreira. Vivi aquilo de uma maneira intensa, passou tudo muito rápido. Já faz seis anos e é uma das melhores experiências que vivi.

O que você escuta do Al Ahly no Qatar? É um bom time, se parece com o que vocês enfrentaram em 2006?
Aqui ouvimos muito falar do Al Ahly. Sempre está no Mundial, não é fácil ganhar a Liga dos Campeões (da África) para poder estar nessa condição. É um time técnico, organizado. Do meio pra frente é muito melhor do que para trás, a vulnerabilidade é atrás. Mas é um time maduro, experiente, não vai sentir a ansiedade, o nervosismo. Não tem nada a perder. No Inter, tivemos efetividade, mas dificuldade pela qualidade deles, a experiência. O toque de bola, a qualidade tática, não imaginava que tivessem.

Dá até para dizer que hoje você é mais torcedor do Corinthians do que do Inter?
Não coloco assim, temos de tomar cuidado com isso no Brasil. Qualquer coisa parece que tem preferência. Não preciso. Entre Inter e Corinthians, e até mesmo o Guarani, não dá para dizer. Como bugrino, amo o clube. É triste de ver o Bugre cair para a Série C. Não preciso falar que gosto mais de um ou outro. Tenho lembranças boas do Inter, amigos... foi o clube que me levou para a Seleção. Com o Corinthians também, ganhei um título único. Foi um ano só, mas parece que foram vários. Um sentimento muito gostoso, muito positivo. Não diferencio para essas equipes, vou sempre torcer para os dois. Tenho três casas maravilhosas no Brasil.

Depois da sua saída, o Douglas assumiu a função e se firmou no time. Você tem acompanhado o desempenho do Corinthians?
O Corinthians continua na mesma dinâmica. O Douglas só precisava de oportunidade para jogar, todos sabiam que poderia dar conta. Já tinha dado certo antes, já é ídolo do torcedor, tem sua história. A dinâmica de jogo continua forte, igual.

E sua adaptação no Al Gharafa?
Tem a dificuldade normal de sair do futebol hipercompetitivo no Brasil, em um time de massa, e aqui ter 200 pessoas no jogo. É uma mentalidade diferente no futebol, tem de se transformar no centro das atenções, querem que seja um “showman”. A estrutura do clube como profissional não existe, eles querem te contratar para que você resolva tudo com se fosse uma pelada. Um time precisa de coletividade, organização, posicionamento. Isso gera uma dificuldade. Estou adaptado, mas faltam resultados. Não tenho marcado gols, tenho mais participado de gols. Virei um organizador, porque tinha essa necessidade, de jogar em posições diferentes para ajudar, falta um pouco de inteligência tática. Estou satisfeito, é um desafio que você tenta se motivar para ajudar.

Mas pensa em voltar ao Brasil no futuro? Até pela mudança na comissão técnica da seleção brasileira, novos jogadores podem ser convocados...
Não tenho nada planejado, são mais dois anos e meio de contrato. A ideia era cumprir até o fim e voltar ao Brasil livre. Penso em voltar, mas o futebol te surpreende muito, não tem como fazer planos. Sobre Seleção, pensava no Corinthians. Conversava com o Andrés, sentia que a possibilidade existia, mas via que a ideia era de renovação. Isso acabou me ajudando a pensar no lado pessoal apenas, deixando de lado esse sonho que eu tinha. Mas vamos supor que eu volte ao Brasil e volte a “comer a bola”. Se precisarem de alguém na posição, às vezes acontecem coisas. O Luis Fabiano quase veio ao Qatar, teve proposta do time do Nilmar, e aconteceu... Você faz acontecer.




via corinthians http://globoesporte.globo.com/futebol/times/corinthians/noticia/2012/12/no-qatar-alex-sente-saudade-e-torce-pelo-corinthians-queria-estar-junto.html

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