O invasor Ruço: volante ajudou o Corinthians a vencer o Flu na mais célebre das invasões do futebol
Com um gol de meia bicicleta, Ruço ajudou a torcida corintiana a vencer o Flu na mais célebre das invasões do futebol brasileiro
Por Dagomir Marquezi, da PLACAR
O carioca José Carlos dos Santos tinha um cabelão ruivo e armado. Virou o Ruço. Nasceu no dia 3 de julho de 1949. Teve uma rápida passagem pelo Madureira, mas logo seguiu para o Parque São Jorge. Estreou no Corinthians num amistoso contra o San Lorenzo-ARG. Ganhou: 1 x 0. Era volante. Jogava com raça e determinação. Quando marcava gol, mandava beijos com as duas mãos para a torcida. O que lhe deu o segundo apelido: Beijinho Doce.
O dia mais marcante de Ruço foi um domingo, 5 de dezembro de 1976. Semifinal do Brasileiro. Jogo contra o Fluminense. E o maior ídolo corintiano, Rivellino, havia se mudado justamente para o tricolor carioca.
Cerca de 75000 corintianos se deslocaram até o Rio e pintaram o Maracanã de branco e preto. É considerado o maior deslocamento de torcedores já registrado no Brasil: a “Invasão Corintiana”. Debaixo de chuva, o Flu marcou o primeiro. O Corinthians empatou com uma inesquecível meia bicicleta de Ruço. Nos pênaltis, 4 x 1 para o Corinthians. Um dos gols foi Beijinho Doce quem fez.
A partida épica ganhou um narrador de peso. Nelson Rodrigues, torcedor do Fluminense, descreveu a partida para o jornal O Globo: “O jogo começou na véspera, quando a Fiel explodiu na cidade. Durante a madrugada, os fanáticos do Timão faziam festa no Leme, em Copacabana, Leblon, Ipanema. E as bandeiras do Corinthians ventavam em procela. Nunca uma torcida invadiu outro estado com tamanha euforia. Dizem os idiotas da objetividade que torcida não ganha jogo. Pois ganha”.
O jogo tem outro toque folclórico narrado pelo próprio Ruço para a TV Record. No intervalo, “entrou [no vestiário] uma pessoa lá. Disse que pra eu ter sorte teria de passar a mão no bumbum do Rivellino três vezes durante a partida. Fiquei meio assim, conhecia o Rivellino… Em uma falta que ele sofreu, ajudei-o a se levantar. E aproveitei para fazer a simpatia. Acho que deu certo, né?”
A final do Brasileiro, o Corinthians perdeu para o Inter por 2 x 0. Menos de um ano depois, Ruço estava em campo na vitória contra a Ponte Preta na final do Paulista. Aquele título o Timão não perdeu, terminando um longo jejum de 23 anos.
Ruço jogou 201 vezes pelo Corinthians. Ganhou 107, empatou 46 e perdeu 48. Comemorou 22 gols com seus beijos. Jogou ainda pelo América-RJ, Volta Redonda, Juventus, Olaria, Rio Branco-ES, Botafogo e Cruzeiro. Aposentado, Ruço voltou para o Rio e viveu seus últimos anos na rua Cisplatina, bairro do Irajá. Abriu um bar na frente de casa. Viu seus três sócios morrerem e fechou as portas do estabelecimento.
Seus pontos fracos eram a circulação e ácido úrico. Com bom humor, dizia que só podia “comer chuchu e tomar água”. Teve um AVC e foi internado no hospital Carlos Chagas, no Rio. Morreu às 13h do dia primeiro de setembro de 2012. Tinha 63 anos. Deixou três filhos e duas netas.
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